15 de dezembro de 2008

A culpa é dos jornalistas





Pois é. O Mundo chegou à conclusão de que a crise é da culpa ... dos jornalistas.

Não é do CEO da Lehman Brothers, dos executivos da Ford, GM ou Chrysler, do Oliveira e Costa ou dos senhores do BCP ou mesmo dos Governos.

Não, a culpa é dos jornalistas.

Esta é pelo menos a percepção que os britânicos têm da coisa.

Ou seja, de acordo com a Comissão de Economia da Câmara dos Comuns, que resolveu examinar o papel dos media na estabilidade financeira, para determinar se deveriam ser aplicadas regras aos jornalistas em períodos de crise, foi esta escorja de pessoas, estes inúteis da sociedade, estes alarmistas do Mundo que colocaram os mercados financeiros em pânico.

Segundo estas mentes iluminadas, os jornalistas contribuíram para a crise, já que não descobriram e deram a conhecer a tempo e horas aquilo que motivou esta crise, sendo que, posteriormente, ainda potenciam ainda mais o pânico nos mercados.

No caso português, infelizmente, que a equipa liderada pelo Zézinho é da opinião que este domíninio pertence à autoregulação. UFA, vá lá.

Porque se assim não fosse, não cabia ao Banco de Portugal a fiscalização e regulação do sistema bancário português, mas sim aos jornalistas.

Era da responsabilidade dos jornalistas descobrir as maroscas dentro do Banco Português e Negócios.

Os media e os jornalistas estão cá para informar, não para detectar ou regular ou fiscalizar.

Talvez a falência do Lehman Brothers deveria ter sido dada desta forma: "4.º maior banco de investimento mundial faz uma pausa na sua actividade".

Ou: "Oliveira e Costa vai, mas já volta" ou "Governo ajuda BPP que não está em dificuldades".

Esta coisa de querer limitar a informação, antes do 25 de Abril, chamava-se censura.

Não sei se agora deverá ser revista para "Pouca fluidez na métrica".

Enfim, é este o Mundo em que, infelizmente, vivemos.

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