24 de novembro de 2006

Vendo,... porra!

Em finais de Setembro, aproveitei estas linhas para alertar para a “invasão espanhola”, por ocasião da apresentação de 16 produtores agro-alimentares madrilenos com capacidade e vontade de investir em Portugal.

No final do mês de Outubro, aproveitei novamente estas linhas para perguntar onde páram 10 mil milhões de euros provenientes dos cofres da União Europeia e desperdiçados pelo sector agrícola nacional.

Passado mais um mês, questiono agora a célebre frase que “embelezava” os muros do Alentejo: “Construam-me, porra!”

Pois bem, construam-me para quê, pergunto eu, dado que é visível que, uma vez construída a barragem do Alqueva, os alentejanos e portugueses na generalidade não começaram a rentabilizar o projecto pago por todos nós e aplicar os dinheiros vindos da União Europeia. Em vez disso, iniciaram uma desenfreada corrida à venda dos seus terrenos a tudo o que era estrangeiro.

Actualmente, verifica-se que cerca de 30% dos terrenos para cultivo existentes no Alentejo estão em mãos estrangeiras, referindo o ministro da Agricultura, Jaime Silva, recentemente a um semanário que «este investimento é bem-vindo ao Alentejo».

Curioso é que estes estrangeiros vêm comprar os terrenos a Portugal sem quaisquer apoios, auxílios ou subsídio-dependências, levando-me a pensar que, se os possuíssem, talvez o País todo fosse colocado à venda.

Por isso, a conclusão é simples: reivindicamos muito, queremos subsídios para a agricultura, contra a desertificação do Alentejo e depois, conseguidos os apoios e construídas as infra-estruturas para desenvolver uma região pobre, vendemos aos espanhóis, holandeses, ingleses ou alemães.

Não me espantaria qualquer dia aparecer uma reivindicação do género: “construam, que quero vender,... porra!”

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